É um lugar-comum afirmar-se que o ser humano transporta em si dois pólos extremos, opostos, ora se inclinando para um, ora para o outro, consoante a circunstância ou o caminho, abarcando o espaço intermédio uma infinidade de matizes, que compõem a inefável e enriquecedora diversidade, embora saibamos que, por último, eles estão lá, melhor, cá dentro de cada um de nós, os dois antípodas. De facto, quase todas as expressões da ação humana podem ser etiquetadas em dois campos: bom e mau, esquerda e direita, felicidade e infelicidade, yin e yang, benfica e porto, democracia e ditadura, prazer e dor.
Goreti Dias quis fazer-nos provar, neste seu DOS PRAZERES E SEUS CONTRÁRIOS, alternadamente, o sabor dos dois opostos em pratos poéticos. Ora o prato/poema do prazer, ora o do desprazer, numa espécie de orgia onde, a certa altura, já não sabemos onde está um ou o seu contrário. Afinal, porquê negar que o prazer pode ser dor e a dor dar prazer?
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