Algumas considerações:
Penso que na primeira badana deveria ficar um excerto do prefácio e um excerto do posfácio. Na segunda badana deveria ficar uma nota do editor, um apontamento sobre a obra…
Prefácio
Logo após o gentil convite formulado pela criadora deste registo literário, dra. Goreti Dias, vocacionado para a divulgação artística através do site da internet www.escritartes.com, meditei sobre a inegável importância desta publicação anual e que, neste mês de outubro de 2015, é apresentado pela oitava vez, sem interrupções.
É este mesmo o raciocínio que julgo ser adequado para o prefácio da presente edição, onde os autores nela representados escolhem, de acordo com o Regulamento de participação, os temas que pretendem ver publicados, na sequência do convite que a todos os membros do portal é dirigido desde 2008, ano da criação do Escritartes.
Significa portanto que, sendo admitidos todos os géneros literários e os temas livres, é vasta e variada a produção literária aqui contida, das mais diversas sensibilidades e estilos, da poesia à prosa, ou ainda da literatura de romance à de ficção.
Contudo, estas Coletâneas, fruto da louvável iniciativa da EscritArtes em parceria com a editora Mosaico de Palavras, são bem mais do que uma reunião anual de autores cujas obras são publicadas num livro e vão bem mais além do que um, até salutar, convívio de uma roda de amigos. E basta que meditemos um pouco sobre o processo criativo, implícito, claro está, em cada obra deste livro, para melhor conhecermos o que vai para além de um olhar inicial.
Como é sabido, toda a arte é uma linguagem, por meio da qual comunicamos num contexto emissor-recetor, confiando o primeiro ao segundo as suas emoções e, já numa fase de acolhimento, convidando-o a participar numa experiência comum.
Mas, de onde vêm as emoções neste processo de comunicação, no caso, na Literatura? Mais concretamente, destes autores com quem ireis conviver durante a leitura desta Coletânea?
De que modo nos invadem as esperanças, as alegrias ou mesmo as tristezas ou apenas as ideias que nos agitam, das palavras que lhe dão corpo?
As confissões dos próprios artistas a este respeito não são raras e, por vezes, recorrendo a algumas delas, melhor nos ajudarão a pensar nesta questão, que passa quase sempre por uma determinada singularidade: os cambiantes emotivos que se sucedem no percurso da criação artística.
Tomemos a ideia de Alain: "decerto não existe obra de arte sem projeto; mas o que na obra é obra de arte, depende apenas da execução e só na execução se revela o artista."
Porém, o que é a arte? A que necessidade humana recorre e com que expectativas?
Nesta obra coletiva estarão certamente muitas destas respostas, tal como as que encontramos nas outras formas de arte, neste processo de comunicação que os criadores-emissores culminam fazendo arte.
Mas não há arte sem público. Neste caso, leitores.
Para quem considera a cultura um bem necessário, não posso deixar de recomendar este livro.
Ele tem uma mão-cheia de ideias, de aromas, de viagens, de conquistas e partilhas, de solidariedade, de afetos e aconchegos.
Chão de poetas e prosadores de contagiante sensibilidade e donos imateriais de um valioso património que sempre podemos revistar nas suas obras de reconhecido apreço, ou de outros que a nós se juntam pela primeira vez, esta Coletânea é, para mim, um mundo de sensações onde abundam as cores, os aromas, os sons, as palavras escritas de modo cúmplice e agarradas sem preconceitos.
E, no fundo, tudo se resume, no processo criativo, à vontade de expressão que tenta trazer à luz do dia o que inicialmente não passava de vaga intuição.
E os 124 autores representados nesta Coletânea realizaram as suas obras. É o milagre da arte.
Este livro é, assim, um aspeto da vida humana coletiva e individual.
Estou certo de que a todos agradará a sua leitura.
Porto, 10 de outubro de 2015
Álvaro Nazareth
Posfácio
Tarefa árdua, a deste ano. Escolher, de entre os mais de duzentos e quarenta candidatos, os 124 que fazem parte desta Arte pela Escrita VIII foi difícil. Não pretendíamos uma seleta pois não adotamos esse conceito para esta antologia. Equilibrar qualidade, persistência no esforço de escrita e participação não foi fácil. Esperamos não ter defraudado as expectativas dos escolhidos e não termos melindrado os que desta vez não foram aceites. Esperamos por novos trabalhos de todos, numa próxima edição. Sem melindres. De parte a parte!
Variados temas, diversos estilos, um manancial de escritas para lermos e relermos sem enfado. Doces, revoltados, melancólicos, amorosos, livres, críticos… fatias de um enorme bolo de aniversário de texturas e sabores bem conjugados.
Brindemos, “em presença”, neste dia 10 de outubro. Mais uma vez, saltando do espaço incógnito da internet para uma sala bem no centro da cidade do Porto -restaurante "Via Garrett". Porque somos gente viva! Gente de verdade! Com sentimentos, gostos e capacidades para serem partilhadas. Partilhando em Escritartes.com, partilhando em Arte pela Escrita VIII, partilhando numa sala cheia de afeto e boa disposição.
Obrigada a todos.
Goreti Dias
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