Retomando uma boa tradição da literatura ibérica, a do gosto pelo elemento picaresco, como arte de gozar com o politicamente correto, com o indiscutível, com o poder e os poderosos, Mateus Gonçalves traz-nos uma série de narrativas e de personagens com muito sangue e modo de ser luso, distribuídas por três espaços, que definem também tempos da História nacional: o campo, que juntamente com o mar, foi, durante séculos, o espaço geográfico onde se moldaram o viver e a alma profunda dos portugueses, a cidade, que, sem apelo nem agravo, a partir de meados do século XX veio substituir o campo como espaço enformador e conformador do cidadão, e, por fim, a caserna, que, num breve tempo de década e meia, definiu a postura da metade masculina – só na tropa é que os mancebos se faziam homens.
A literatura deve fazer isso: fazer-nos rir para nos levar a pensar. Mateus Gonçalves sabe-o. E conseguiu-o em toda a plenitude.
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